Petros: presidente do fundo de pensão diz que pretende reduzir contribuição extra para cobrir déficit de R$ 33 bi

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Executivo diz que se fundação conseguir manter superávit, será capaz de diminuir cobrança. (FONTE: JORNAL O GLOBO de 29/09/2020)

RIO- O presidente da Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, Bruno Dias, diz que pretende reduzir as contribuições extraordinárias feitas pelos 57 mil empregados da ativa, aposentados e pensionistas para cobrir o rombo de cerca de R$ 33 bilhões da fundação. Cumprir a promessa, porém, dependerá de manter as contas da fundação no azul.

No ano passado, a Petros teve superávit pela primeira vez nos últimos sete anos, com saldo positivo de R$ 4,99 bilhões.

As  contribuições extras têm  objetivo de arcar com as perdas de planos antigos, de benefício definido. Dias completa em setembro um ano no cargo.

– O meu objetivo é, ano após ano e com bons resultados, ir conseguindo reduzir essas contribuições extraordinárias dos participantes progressivamente. Meu objetivo não é apenas ter reequilibrado a Petros, que foi super importante, mas, a partir de agora, com os superávits, trabalhar para reduzir as contribuições extraordinárias – afirmou.

Dias é funcionário de carreira do BNDES e chegou ao cargo após ter sido escolhido no mercado por uma empresa de recrutamento. Além do déficit acumulado nos planos, ele se deparou com uma série de questionamentos na Justiça de empregados contra o pagamento extraordinário.

Em sua primeira entrevista no cargo, Dias explicou que somente após muita negociação com a Petrobras e os próprios sindicatos, foi aprovado o novo Plano de Equacionamento de Déficit (PED), implementado neste ano. Ele pôs fim a uma longa disputa judicial e permitiu reduzir a contribuição por parte dos empregados.

– A Petros é um dos maiores fundos de pensão do país e tem um potencial enorme para  ser um grande player do mercado, incorporar as melhores práticas de governança mundiais. A Petros pode ser um grande protagonista na adoção das melhores práticas, sobretudo entre os grandes fundos de pensão. Vi a Petros  como uma oportunidade para ajudar a reinventar o setor. – destacou.

A Petros é o segundo maior fundo de pensão do país, com patrimônio de R$ 108,4 bilhões e um total de 142.527 participantes. Para Dias, o pior já passou e o desafio agora é entrar em um ciclo virtuoso.

Plano de investimento para 2021

No auge da crise provocada pela pandemia, a rentabilidade da Petros chegou a cair 14%, afetada pela queda no mercado de ações. Boa parte desta perda já foi equacionada. Nesse período, a fundação aproveitou para comprar títulos públicos que ofereciam remuneração acima da meta atuarial do fundo.

Na política de investimentos para 2021, a Petros está considerando, de um lado, os juros baixos do mercado – a Selic está atualmente em 2% ao ano – e, de outro, o desempenho considerado pouco atraente do investimento em novos imóveis.

Uma decisão, porém, já foi tomada: a fundação não deve mais investir em Fundos de Investimento em Participações (FIPs), nos quais investiu em gestões anteriores. A aposta resultou em grandes prejuízos para o fundo de pensão.

Além disso, o fundo não deverá aumentar seus investimentos em renda variável. Atualmente, eles correspondem a 30% do total.

– Para entrar  em algum investimento, temos que ter bastante segurança jurídica, e poder entrar e sair caso a gente entenda que não estão andando como a gente previa inicialmente – ressaltou.

Ele rechaça a hipótese de interferência política nos investimentos do fundo de pensão após as medidas de reestruturação interna da governança:

– Hoje as decisões de investimentos são 100% profissionais  dentro da Petros e tomadas pelo seu corpo interno de executivos técnicos. Contamos com profissionais de mercado vindos das melhores instituições e todas as decisões são tomadas  após avaliações de riscos.

Mudança de endereço

Dias citou como sinal da redução de custos a mudança de sua sede do Edifício Petros, que ocupava há 23 anos, para outro prédio  próprio de dois andares, no Centro do Rio de Janeiro. A mudança não será apenas de endereço, mas também de estrutura de trabalho.

-No novo prédio não haverá mais sala individual para diretores, todo mundo vai trabalhar junto.  Já temos uma preocupação com a sustentabilidade e todos os materiais  serão ambientalmente sustentáveis – destacou.

No processo de redução de custos o quadro de pessoal também foi reduzido de  487 para  380.

-Eu vejo a como uma  nova etros em um novo momento, em que a gente começa a virar a página do passado e começa  a olhar mais para o futuro – afirmou o executivo.

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