Petros quer aumentar de 25% para 45% limite de investimento em renda variável

Foto Petrobras 1

No passado, se falava que os gestores de investimentos de fundos de pensão poderiam trabalhar da praia por meses. Com a taxa de juros a 14% ao ano (ou mais) era fácil bater suas metas atuariais, sem muito esforço. Agora, o cenário mudou, com Selic a 5% ao ano, e podendo cair mais.

Em evento da gestora Western Asset em São Paulo nesta quarta-feira, Alexandre Mathias, o gestor de investimento da Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras (o segundo maior do país) falou ao Valor Investe sobre a nova proposta de portfólio de investimento para o fundo, que hoje soma um patrimônio de cerca de R$ 100 bilhões.

“Queremos alocar o dinheiro em ativos que deem grande chance de chegarmos na nossa meta atuarial, próxima a 9%”, explica Mathias.

Nesta semana foi enviada à diretoria a Petros uma nova proposta de bandas de alocação por categoria de produto, como renda variável, investimento no exterior e private equity. A grande novidade é a proposta de aumentar de 0% a 25% para 0% a 45% a alocação em renda variável. Hoje, cerca de 19% do patrimônio do fundo está em ações e, segundo o executivo, o potencial é de rapidamente chegar a 29%, caso a mudança da banda chega aprovada.

“Este ano, daremos um retorno próximo a 20%, maior do que muitos gestores renomados, sendo que 75% do nosso retorno veio de renda fixa e 25% de renda variável”, diz. Ele explica que o fundo ganhou muito com o fechamento da curva de juros longos, mas que não vê um movimento parecido em 2019.

“A renda fixa não será um grande gerador de retorno de 2020, então temos que apostar no que parece que vai ser, ações. Por isso queremos aumentar a exposição em bolsa”, comenta.

Além da banda para alocação em ações, a diretoria de investimentos da Petros também quer aumentar alocação em investimento no exterior. A sugestão que o diretor do fundo apresentou é passar de 2% a 3% do patrimônio, como é hoje, para o limite de 10%. Mas, ao contrário do que muitos gestores fazem, a ideia da Petros não é comprar apenas bolsa americana.

“Bolsa dos Estados Unidos ainda tem grande correlação com o Brasil. Queremos montar uma cesta diversificada de investimentos no exterior, com ações, juros, commodities e moedas. Um portfólio diversificado e que tenha o papel de proteção, seja defensivo. Com isso, o risco total da carteira não aumenta”, diz Mathias.

O gestor de relações com investidores do fundo de pensão da Petrobras lembra ainda que outra classe de ativo que deve crescer no portfólio é de fundos multimercados, porque eles são menos voláteis que ações e, por isso, em tempos de crise, perdem também menos.

Private equity

Uma modalidade de investimento que a Petros deve voltar a apostar, mas com cautela é a de private equity (investimento em empresas de capital fechado e que geralmente estão em estágio inicial). Cerca de 1% da carteira hoje é investida nessa modalidade. A ordem do Conselho de Administração da Petros, porém, é de desinvestimento de tudo que está lá, para, depois, com mais cuidado voltar a alocar dinheiro em alguns fundos que já tenham gestores experientes.

“O veículo não é ruim em si, mas tivemos um passado ruim com esses ativos porque fizemos uma seleção ruim de empresas. Se a gestora não tem experiência de dois a três ciclos de desinvestimentos, é difícil avaliar sua performance”, comenta.

A proposta é de que o investimento em private equity ocupe 5% do portfólio em até 5 anos, mas a alocação será feita aos poucos: até 2% até 2021 e o restante nos anos seguintes. Isso para diversificar não apenas os setores, mas o período de maturidade e desinvestimento dos fundos e empresas.

A proposta com as mudanças no portfólio do fundo da Petros está em fase de exame e será votado na semana que vem pela diretoria executiva da empresa e, 10 dias depois, será avaliada pelo Conselho de Administração. Depois, será enviada à Previc, órgão regulador dos fundos de pensão. Até o fim do ano tudo precisa estar aprovado.

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